O futebol feminino tem conquistado, aos poucos, o seu espaço. Embora ainda precise rolar muita bola nesse campo para estar em pé de igualdade com o futebol masculino. As atletas femininas ainda lutam por direitos, visibilidade, profissionalização e respeito. Além disso, ainda enfrentam o preconceito e o machismo, dentro e fora de campo. Ainda também existem muitas dificuldades para treinar e manter um time de futebol feminino no Brasil. Atualmente, a maioria das atletas necessitam trabalhar em atividade remunerada, antes de irem para os treinos, a fim de se manterem.
Mas, a boa notícia é que temos tido avanço. Como exemplo, cito a cartilha lançada pela FIFA, intitulada “Estratégia Global para o Futebol Feminino”. Nesta, a entidade especifica como pretende atuar com as partes interessadas no futebol feminino. Nela, a FIFA deixa claro que é contra a discriminação de gênero no esporte, o que eu vejo com bons olhos.
O documento traz várias estratégias. Como por exemplo: a importância do desenvolvimento e crescimento dentro e fora de campo; o melhoramento das competições femininas, buscando aumentar a popularidade da Copa do Mundo Feminina; investimento na área de comunicação e comercialização, por meio do marketing; equilíbrio da igualdade de gênero em papeis de liderança, ou seja, a defesa da presença feminina nos principais órgãos de decisão e, por último, a educação e o empoderamento para construir capacidade e conhecimento, com abrangência para questões sociais que visem melhorar a vida das mulheres.
Com relação às questões trabalhistas, atualmente, seis clubes que participam da série A1 e A2 do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, já assinam contratos profissionais com suas atletas e com termos legais idênticos aos aplicados no futebol masculino: Santos, Sport, Iranduba, Ferroviária, América MG, Vitória PE, contando com cerca de 136 atletas inscritas como profissionais. Ou seja, estamos avançando.
Em 2019, as atletas brasileiras vão estrear na Copa de Futebol Feminino, no dia 9 junho, na França, com transmissão em TV aberta, pela primeira vez no Brasil. Nas competições do Brasileirão Feminino A-1, Brasileirão Feminino A-2 e Brasileirão Sub-18, a bola vai rolar 344 vezes para as atletas femininas.
A sociedade tem avançado. Aos poucos, a bola vai rolando para as mulheres e elas seguem conquistando reconhecimento e respeito. Avante, mulheres!
ARLETE MESQUITA é advogada, palestrante e diretora da Escola Nacional de Justiça Desportiva (ENAJD). É a primeira mulher no Brasil a compor o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), como auditora, cargo que exerce atualmente (2016/2020).